terça-feira, agosto 30, 2005

 
Conselho Paterno

Meu filho, onde você pensa que vai chegar escrevendo tão pequeno?

domingo, agosto 21, 2005

 
nunca fui cego

em todos estes anos
tenho visto
tudo

(esforços de luz)

nunca fui cego

no meio de tanta luz
venho vendo
tudo

um esforço inabalável
de não ver
além das superfícies

terça-feira, agosto 16, 2005

 
Enivrez-Vous

Il faut être toujours ivre.
Tout est là : c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi ? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.

Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est ; et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront: "Il est l'heure de s'enivrer ! Pour n'être pas les esclaves martyrisé"

(merci, heloise)

Charles Baudelaire

segunda-feira, agosto 15, 2005

 
Super-homem

O Super-homem está cansado. Pensa em aceitar um emprego em algum jornal pequeno. Matérias sem importância. Poucos – e desinteressados – leitores. O final do mês chegando junto com o pagamento. Mephisto que dance com a garota de olhos verdes. Ele já sabe que o amor não é nada disso. Super-homem não quer mais saber de enxergar através das coisas. Prefere sentar em algum canto do bar, beber cerveja, chamar o garçom, esquecer o tempo. Pegar o telefone e tentar uma ligação para algum lugar distante. As linhas congestionadas. Palavras se perdendo no espaço. Entre satélites, meteoritos e restos dos dias. O Super-homem cansou-se de Lois Lane.

quarta-feira, agosto 10, 2005

 
Fingindo Tsunamis II


Saiu ela
Ele nem veio
Tudo bem agora
Sozinho
Muito melhor
Bobinho
Nem queria
Tadinho

 
Fingindo Tsunamis I

tenho esperado muito
todos estes anos
passando passando passando
sobre
minha cabeça
vários pés acima

a palavra
certa

terça-feira, agosto 09, 2005

 
Esta é uma declaração de amor equivocada. Uma carta mentalmente escrita.
Você me falou do isolamento total (solidão!) que sentimos dentro de um avião. O tempo suspenso, desconectado de tudo e de todos. Por onde temos andado?

 
a saia (pendurada) balança em ancas preguiçosas.

e justamente por não se chamar, é assim que a chamo agora. enquanto ainda não chego a esta cidade que criaste para nosso encontro. acredito em tudo que já aconteceu. e aconteceria.

e a mão (leve) acaricia estas mesmas ancas. preguiçosas.

quarta-feira, agosto 03, 2005

 
Quando o terreno foi comprado, o rio corria solto entre as pedras. Depois de construída a casa, ficou estranho olhar toda aquela água descendo. Continuamente. O jeito foi parar tudo com mais pedras. E tudo parou.
Pessoas começaram a aparecer para mergulhar na pequena piscina formada pelas pedras que represaram o rio. O próximo passo foi construir um banco com mais algumas pedras. E olhar as pessoas que apareciam.
Na última vez que lá estive, o rio continuava represado. Sozinho. O banco.

E como se pode acabar o amor?

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